FÁBULAS DE LA FONTAINE
A TARTARUGA AVIADORA
Por La Fontaine
Um certo dia, uma tartaruga encontrou-se com dois patos emigrantes. Ficou horas admirada, ouvindo-lhes contar suas grandes viagens pelo mundo a fora.
Vocês é que são felizes, dizia a tartaruga, suspirando resignadamente. Eu também gostaria de viajar, mas ando muito devagar.
- Por que não nos acompanha? Vamos correr o mundo a três... disse um dos patos.
- Como poderei ir, se não sei nem ao menos andar depressa pelo chão, quanto mais voar por essas alturas e distâncias?
- Podemos ajudá-la, fazendo como os aviadores. Nós seremos os pilotos e você irá como passageira.
- Mas, meus amigos, onde está o avião?
- Não se preocupe. Nós arranjaremos tudo, já!
Pegaram um pau roliço e comprido, e mandaram que a tartaruga se dependurasse nele, com a boca, fortemente. Em seguida cada um pegou uma das pontas do bastão. E lá se foram pelos ares, batendo as asas compassadamente e levando a feliz tartaruga.
- Segure-se bem, "agarre-se" com força, comadre tartaruga!, gritou um dos patos. A viagem é comprida!...
La da terra, os animais e as pessoas, admiradas, erguiam a cabeça, fixavam bem os olhos; estavam espantados por ver uma tartaruga voando.
- Olhem, olhem, gritam alguns deles, apontando para o céu. Nunca tinha visto uma tartaruga voar! Aquela deve ser a rainha das tartarugas!...
E todos riam gostosamente.
A tartaruga voadora, sentia-se orgulhosa por ser admirada.
- Sou mesmo a rainha, ia respondendo a ingênua tartaruga, mas não chegou a pronunciar nem a primeira silaba, porque, ao abrir a boca, soltou-se do bastão e caiu como um raio, espatifando-se no chão.
Os patos continuaram seu voo, porque é o que mais sabem fazer. E ficaram comentando:
- Da próxima vez que trouxermos alguém que não sabe voar, é melhor providenciarmos um paraquedas.
MORAL DA HISTÓRIA:
O LOBINHO SABICHÃO
Por La Fontaine
Um lobo e uma raposa tinham nascido ao mesmo tempo e crescido juntos na floresta. Lá, na cova onde vieram ao mundo, também estudaram juntos as primeiras lições de vida.
Crescidinhos, os dois estudantes quiseram conhecer o mundo.
Caladinhos, às escondidas, sem que os pais nada percebessem, fugiram da toca, correram uma grande distância, afundaram-se na florsta e depois começaram a perambular de mata em mata.
No meio de um campo onde tinham chegado, e que lhes pareceu infinitamente extenso, estava um belo cavalo alto e gordo pastando sossegadamente, sem dar a mínima importância aos dois viajantes.
Estes, quando o viram, pararam estupefatos, sem saber o que fazer. Estavam a ponto de fugir desabaladamente, pois o medo era terrível.
-- Quem será? perguntou, afinal, a raposa, um tanto senhora de si.
O lobinho, que se julgava um sábio, também não sabia. Como não queria confessar sua ignorância, começou a falar entre-dentes, enquanto coçava uma orelha. - Eu sei, sei muito bem. O seu nome está na ponta da minha língua! É que, no momento, não sou capaz de lembrar-me...
- Pois bem, propôs a raposa, o melhor é irmos perguntar-lhe, em vez de ficarmos aqui parados, enquanto a memória está falhando.
Encaminhando-se para perto do cavalo, fez-lhe uma graciosa reverência e perguntou ao desconhecido:
- Ilustrícimo senhor, estes vossos humildes servidores desejam saber qual o vosso nome?
O interpelado, a quem aqueles intrusos estavam aborrecendo, respondeu atravessadamente:
- Meu nome está escrito nas minhas ferraduras. Se quiserem sabê-lo, leiam! E ergueu uma pata traseira.
A raposa, muito finória, desculpou-se, dizendo que era ainda muito criança e não sabia ler bem; enquanto que o lobinho, querendo aproveitar a oportunidade para exibir-se vaidosamente diante daquele soberbo animal, foi depressa ler o nome na ferradura.
O cavalo deu-lhe, então, um valente coice, atirando-o longe.
- Ai... ai... ai... gritou o bichinho, cheio de dores, mas ainda capaz de correr e fugir.
A raposa, correndo a seu lado, perguntou-lhe zombateira:
- Esta lição você ainda não tinha estudado?
MORAL DA HISTÓRIA - A soberba pode nos levar a situações perigosas. Portanto, nunca devemos fingir conhecer o que, de fato, desconhecemos apenas para satisfazer nosso orgulho.
O LEÃO E O MOSQUITO
La Fontaine
Uma vez, um mosquito declarou guerra ao leão dizendo-lhe que pouco se importava com seu título de rei. Dito isto, começou a picá-lo por todos os lados, tornando-o furioso, não lhe dando trégua, até que o leão caiu esgotado. O inseto, então, se retirou cheio de orgulho, mas, enquanto ia anunciar a todos os demais bichos sua vitória, caiu na traiçoeira teia de uma aranha e lá ficou preso.
MORAL DA HISTÓRIA
As vitórias nem sempre são duradouras. Por isso não se deve contar vantagem antes do tempo.
O CORVO QUE QUERIA IMITAR A ÁGUIA
La Fontaine
Um corvo viu uma águia roubar um carneiro e pensou em fazer o mesmo. Escolheu, no rebanho, um carneiro bem gordo e foi para cima dele. Mas o animal era bastante pesado e seu pelo muito espesso, de modo que as garras da ave ali ficaram enrascadas. E foi assim que o pastor logo acudiu o carneirinho, agarrou o corvo e o pôs numa gaiola para divertir seus filhos.
MORAL DA HISTÓRIA
O ladrão não deve roubar o que não pode carregar. A ganância sempre leva à desgraça.
OS DOIS BURROS
La Fontaine
Os dois burros caminhavam um ao lado do outro. Um carregava aveia e outro, dinheiro. O segundo, orgulhoso de sua carga, caminhava cheio de vaidade. Surgiram dois bandidos, que se atiraram sobre ele e o cobriram de pauladas para arrancar-lhe a carga. O outro burro então lhe disse: "Amigo, nem sempre é bom ter emprego importante. Se você estivesse servindo um moleiro, como eu sirvo, estaria são e salvo.
MORAL DA HISTÓRIA
O orgulho não leva a boa coisa. É melhor um trabalho humilde, mas digno.(Diariamente vemos noticias de pessoas que vivem de forma gananciosa e sempre acabam em maus lençóis. Isso tem ocorrido muito na política brasileira, onde os poderosos usam do seu poder e roubam o dinheiro do povo; mas no final sempre se dão mal. Deus existe!
O LOBO E O CÃO
La Fontaine
Um lobo espantosamente magro encontrou um cão gordo e bem nutrido. Não podendo atacá-lo chegou-se a ele humildemente, e o cão lhe disse que, se desejasse viver tão bem quanto ele, era só acompanhá-lo até sua casa. Mas, quando o lobo viu a marca que a coleira deixara no pescoço do cão, alegou que preferia passar fome a perder a liberdade.
MORAL DA HISTÓRIA
A liberdade é o bem mais precioso que temos. Por isso, é preciso tudo fazer e até sacrificar-nos para mantê-la.
O LEÃO E O BURRO VÃO À CAÇA
La Fontaine
Certo dia, um leão pensou em ir à caça e, para desentocar os animais, fez-se acompanhar por um burro, ao qual ordenou que ficasse escondido na moita, a zurrar. Os bichos da floresta, apavorados com aquela voz insólita, fugiram e foram cair nas garras do leão. O burro atribuiu, então, todo o mérito da caçada a si, mas o leão lhe respondeu: "Eu também me espantaria com seu zurro, se não conhecesse você e sua raça."
MORAL DA HISTÓRIA
Muitas vezes nos deixamos levar pelas aparências.
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